quarta-feira, 31 de março de 2021

ANICCA

Nos últimos anos tenho entrado em um corredor de lembranças 
que preciso reorganizar e por em ordem
preciso me esforçar pra entender, me soltar pra sentir de novo só que diferente
e reorganizar é tanto de tempo, quanto de coerência
como se todos esses anos de mim estivessem embaralhados
faltando partes, se escondendo ou fugindo, portas e mais portas pra abrir.

Já disse e me disseram que era nina, menina, pequena, tuca, shhrup, ruiva, morena, leka,  Alessandra com sobrenome, Alessandra sem sobrenome, Ale, lele
todas eu dentro desse fenômeno de ser pessoa, humana, mulher, mãe, que sangra, que grita, que geme, sente, mente e sorri, some e morre, volta e do nada dança e ri alto,
chora muito mas vem chorado pouco
por algo maior que não me deixa.

Tenho colocado em páginas tudo o que já consigo nomear, rastrear de mim, de tempo, recordar e encontrar explicações mesmo que não
aceitar o que eu nem lembrava que tinha escondido, que rejeitava no inconsciente
que agora vem em sonho, só vem e eu agarro com as unhas e os dentes

Tá tudo tomando forma com o tempo, como se eu me encontrasse com outra eu que já sente e prevê, que percebe e adianta o susto
intui e reage, me sussurra baixo o que eu preciso escutar
me mostra nítido o que eu preciso enxergar 
me pega pelas mãos em todo o meu breu 
me faz atravessar todas essas versões
confiando em cada passo, me pedindo por favor pra continuar 
pra eu chegar no meu próprio colo e
deitar pra descansar desses anos todos 
que trabalhei pra me (re) construir




sábado, 18 de julho de 2020

Telhado


E a sensação de voo que eu tinha aos 14 enquanto deitada no telhado da minha casa, era uma coisa quase que perfeita, encaixada, era meu aquele céu, aquele ar e o vento.


Abria os braços e não via chão, só azul.


fechava os olhos e me soltava no ar...


Tendo imagens do infinito, do horizonte, do acima das nuvens é que percebo que tenho meu lugar e é por lá.


Ao lado daquela nuvem de coelho, à esquerda daquele passarinho que vai pro norte, na direção que meu nariz apontar ou só no telhado de casa tentando voar.




sexta-feira, 26 de junho de 2020

A Luneta de Thony

Discos voadores colonizadores ancestrais
Já esperavam sua vinda, em busca de paz.
Até os antigos Maias já previam o teu nascer
Mais certo que o fim do mundo, e o amanhecer.

Aprendendo com os livros cada lição
Vai crescer e ver um novo planeta.
Não chora minha criança peralta
Observando tudo pela Luneta

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

4:42

O frio na barriga é agora.
Estou ouvindo a chuva, tão barulhenta! 
Ela nos acompanhando noite a dentro. 
Eu disse como me sinto, mas não sei ao certo. Confuso? Talvez... 
Um pouco de tudo vem daí, daqui. E vai, se propaga... Por dias parece que adormece, mas está lá, latente. Até aparecer de novo, assim de repente. Me pego bobo, mas é tudo mutuo. 
Sabe, assim? Posso ser bobo com ela.
Eu fico aqui tentando desvendar seus sentimentos. Quem me dera entrar só um pouco naquela cabeça. Não que seja necessário, mas é que é tão criativa. Consigo me emocionar com o que leio de lá. Com o que ouço, vejo...
 É engraçado que até acredito na pureza de tudo que me é apresentado. Acho que é porquê eu posso ser bobo.
Me lembro de vários momentos, até nos quais fiquei entediado. Temos tanta afinidade. Somos tão próximos que a distância as vezes me deixa assim, com pesar entende?
 Não vou me estender as coisas ruins. Vamos brindar? Me fala a marca do vinho, faço questão de comprar o mesmo. 
Pode me sugerir a música? 
- Sim ela sugere, tem bom gosto! Duvidam? Eu adoro! Fico bobo! Mas lembrem-se, eu posso ser bobo!
Fiz um pedido antes de me despedir daqueles pés imundos e gelados. Agradeço por me atender.
 Era um sonho participar de todo esse céu. Esse mundo pelo qual caminhei, mas com meu modo macro de ver.
Toda vez que eu a escrevo e ela me escreve parece a primeira vez.
Toda vez que o seu céu de ideias passa pelo mundo há mais estrelas.
Nem todos podem ver. Tem de ficar esperto e de peito aberto para muito carinho. 
E o seu coração? O céu é pequeno para ele. 
Fico até bobo de pensar...

yoko é nossa demais

Percebi com vento na cara
Quando bate nos seus cachos e eu vejo diferente
E se faço parte do desfile desses pássaros
O que que eu faço agora além de cantar?

Eu acho que todo mundo tem uma sina
Uma cruz pra carregar
E eu conheço a sua dor
Eu andei por esses lados

Não tem nada demais

Tem um milhão de coisas que eu não sei
E o que que eu faço agora além de cantar?

Quando eu estou aqui estou inteiro
Você me entende
Eu daqui te vejo
Eu daqui te beijo
Eu daqui te vejo

Com vento na cara
Os cachos nos olhos
Os olhos do tempo
O tempo não para
O tempo na cara

Terno Rei

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Eu sei o que sou e o que não sou eu

me peguei gargalhando de mim em plena segunda feira
fim do mês
depois de vários dias me estranhando e fazendo birra com o mundo
acreditando de verdade que inferno astral é certeiro
rindo no espelho

até nem liguei pra pilha de livros que juntei pra ler e não consegui 
me distraí com as plantas e meu café esfriou ao mesmo tempo que lembrei
das tretas de passado que eu simplesmente superei
e ri mais

olhei em volta, ri de novo, o choro veio mas era um choro bom
acho que pode ser até a tal da gratidão dando o ar da graça 
e meio que, como sempre, meu humor tendo a ver com o tempo que tá fazendo
o sol tá meio sem jeito, o vento pouco que bate ainda é gelado
tá cheio de nuvens e
é aí que me pego

esses dias cinzas sempre querem me dizer alguma coisa
esquentei o pé no sol e já esfriou, peguei uma chuva de flor de cajazeira lá fora
chorei, ri
o café eu to tomando gelado mesmo se não perco o fio
perco o que tá escorrendo pro dedo, e já faz um tempo que não escrevo
vim correndo sem pressa
engraçado que não to me preocupando tanto hoje, tá solto

eu teimo de não perceber na hora mas essa vida aí me arruma uns encontros
umas revoluções dentro de mim, uns papos que eu nunca tive, umas voltas no passado
que eu já não lembrava mas sabia
sonho, acordo, lembro, teimo de lembrar, sonho mais mas logo esqueço e tudo bem
me cobrar pra que se sempre me cobraram tanto e eu sempre teimei de ser
e fazer o que eu queria? 
a menina dos meus olhos não morreu


quinta-feira, 9 de maio de 2019

Nove

hoje é quinta feira
já é maio, quase meio do ano
acumulou matéria pra estudar, to com foto pra editar, post pra fazer, choro pra chorar
tô me identificando com o tempo, tá um chove não chove, fazendo frio mas tá sol

comprei uns vasinhos de barro, catei mil mudinhas novas que coloquei na água
fiz uma sopa de lentilha pra esquentar
no dichava coloquei chá de hortelã, tô com a boca dormente de tanto fumar
energizei meus cristais com a chuva, fiz insenso natural com alecrim, arruda e louro
rodei a casa toda

tô enrolando pra tomar um banho de sal grosso
no tarot dessa semana saiu a carta do diabo 
meu mapa astral ainda to tentando entender, to lendo igual doida 
descobrindo mais de mim
falei em voz alta comigo no banho pra ver se me escuto
varri a cozinha umas 3 vezes 

acho que preciso molhar as plantas lá fora, catar as folhas do quintal
tá um vento frio daqueles que me lembram outros tempos e aí eu me recolho, encolho
me deixo de molho nos pensamentos mais profundos, afundo
nem vagalume no quintal teve hoje

mas teve encontro de amigas na frente do mar, dedo de Deus lá na serra pra olhar
castelo de areia que a maré levou, pé na água salgada
conversas de tudo e de nada, futuro e batalha diária 
minhas fortalezas, nossas fraquezas e as belezas todas de onde a gente tá

a apresentação na escola teve choro antes de começar a musica
ele ficou feliz por me ver chorar emocionada sem saber que ontem eu chorei baixinho  
no cangote dele
por mais que eu saia de mim, ele sempre me abraça e fala que me ama
parece que é pra me lembrar, todo dia
que se nem eu conseguir me aguentar, ele sempre vai 
e o dia já ta perto de acabar


segunda-feira, 18 de março de 2019

Sizígia

corri pra dessa vez me transbordar, e não desafogar
transbordar porque a lua mexeu comigo completamente
o ciclo das coisas me seguindo, mostrando das formas mais impensáveis o caminho que eu nao quero mais seguir, nem posso
implorando pra eu deixar fluir
e eu to vendo, com meus olhos pretos, calando a minha boca suja, sentindo com todos os sentidos
de intuição a intuição
uma por uma

não tenho nem chorado, to me resolvendo comigo
mas ontem chorei sim, hoje também, eu mereci
não to sentindo pena, to refazendo o caminho todinho do início
desde quando eu não me lembro
dois mil e quatro


hoje tive ausência de medo, estranhando o peito cheio pra chegar em novos lugares
venho encarando meus pensamentos, compartilhando minhas vivências
revivendo experiências que já parecem de outras vidas
to admirando meu senso, to apegada a ideia
evoluí

mas meu ponto fraco é dentro do meu barco, porque aqui é onde mora meu conforto
todos os meus vícios, as gulas, gritarias, muitas loucuras
o barco já tá remando diferente, da pra ver, tem alguém no controle e dessa vez não é um louco
pensando na rota, destrinchando mapas mofados 
entrando em porões abandonados totalmente
achando baús que só eu tenho a chave

esquecidamente me lembrei que transbordei 
parece até que viver rodeada de onda batendo, todos os plenilúnios e novilúnios 
vendavais torrenciais, nuvens que engolem céu
tudo isso, na direção da ilha no meu peito fez ruir pedras
revirar fundos, transbordar conhecimento
sizígia de eus













quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Conversa antiga


desde que me lembro
eu converso, questiono, conto segredos, abro meu peito
desde quando não me conhecia mas me sabia
eu namoro, imagino, mergulho pro fundo

desde que me entendo por gente
sua força sempre me impactou
tamanho, luzes, desenhos, cores e as núvens
seus tons são tudo

sinto que a resposta está aí em algum lugar
tão forte que quando percebo
a pergunta já não me importa mais

difícil é a vida quando não abro meu peito
não converso com suas estrelas, confesso crises e medos
alivio os pesadelos

fica mais leve quando paro tudo
chego no meio do breu
meu quintal em silêncio, o show acontecendo
meus olhos que mal conseguem acompanhar
miopia que limita enxergar

o beck aceso fazendo da minha casa um universo
virando estrela, minha cabeça
deito mais pra trás
entrego os pontos, todos os meus botões

gasto tempo comigo
passo tempo contigo
dou mais valor pro meu íntimo
reinicio
e no escuro eu penso

céu e uma palavra tão pequena
céu é tão vasto
céu inspira, respira
céu me faz parar o agora
me faz questionar tudo de tempo e hora

não é atoa esse tanto de mundo
não é atoa que encontro mais e mais
céu em mim



domingo, 23 de dezembro de 2018

Tempo virou

foi só ele partir pro tempo virar
céu cinza que vejo chegar  
sinto de longe

bem que desconfiei da ventania de mais cedo
preciso voltar a confiar nos meus instintos
nos teus acordes
nas minhas escritas

foi só o tempo virar pra saudade voltar
foi só, que descobri novas forças em mim
força pra te esperar
força pra aguentar lonjuras 
loucuras minhas a sós 

bem que desconfiei do tanto de tempo que levou
pra chover, pra eu te ver
me entender 

no fim das contas a gente volta 
pra um lugar que acha que não conhece 
pra um sentimento que parece novo
uma historia que não é sua

mas eu conheço, ele sabe
todo mundo sabe de si
é só o tempo virar 

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Novos Verões

Hoje é dezenove e o calor que fez ontem aqui dentro
dava pra queimar essa cidade inteira
em pleno dezembro

Hoje, toda vez que venta em mim eu fecho os olhos
o sorriso vem e fica
Aquele de possibilidades infinitas

Olho pra fora e toda essa vida acontecendo enquanto a gente acontece
em outras vidas
Enquanto a energia flui entre as distâncias que habitam
a gente insiste, se habita

Cercada de água salgada da Baía
Cercada de olhares teus que saem de orbita 
Voltam como sempre 

Seu cigarro aceso que me queima
marca a minha pele
Me imagino fumaça pra te percorrer
saindo lentamente de você

Coincidência o melhor dia do meu mês ser o mesmo que o seu
Dia que não termina por que a gente não quer
Noites que rendem cada vez mais a gente
Perdendo o sono, adiando o outro dia que sempre vem

Hoje é dezenove
To tocando alto as musicas favoritas
To acreditando mais em mim, espero que você também acredite
Você clareia a minha vida
É luz dos dias de sol 50˚ lá fora
Pleno dezembro



quinta-feira, 7 de abril de 2016


Feliz amor, feliz 7 meses, feliz carinho de manhã, feliz hi5 quando a gente manda bem, feliz varandinha falando da vida, feliz banho junto numa caixinha de ovo, feliz comidinhas o tempo todo, feliz massagem no pé carinho na mão, feliz beijinho no olho e mordida no dedo, feliz zuera com a cara um do outro, feliz respeito, feliz compreensão todo o tempo, feliz namorinho meio casadinho, feliz cabelada pela casa, feliz cabelada em tudo, feliz musica chiclete por três dias, feliz plantinhas pra regar, feliz elevador pra esperar juntinhos, feliz linha 2 e linha 1, feliz tpm com chocolatinho, feliz tpm sem chocolatinho tbm (haha), feliz cochilo no meio das séries, feliz fofoca, feliz beijinho de longe pra lembrar, feliz cueca de tubarão limpinha pra dormir, feliz "amô pega a toalha pra mim", feliz amor na varanda escada chão chuveiro bainheiro da fosfo beira da praia cama pequena cama grande cama que não é nossa, feliz matinho de manhã, feliz matinho o tempo todo na casa dos amigos na rua escondidinho, feliz beijo nas festas, feliz banho de coca cola no cinema, feliz abraço por trás no meio do papo, feliz nós três dormindo até tarde, feliz te amo antes de dormir acordando saindo chegando, feliz nós dois malucos rindo do mundo, feliz nós dois aborrecidos e passando por cima, feliz a minha vida de ter você, feliz vida!
tudo com você é feliz, todo o amor do mundo pra nós dois, muito mais tudo de feliz pois é assim que a gente sabe viver.
Eu amo você, meu 7 da sorte, match em pleno fevereiro!
meu coração é todo seu <3

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Domingo é pra te dar paz

E mais uma vez você me esperou chegar, empolgado dizendo preu ir logo
Cheguei no espelho do elevador e o peito aliviou, instantâneo. 
Subi e vi teu tapete amarelo na porta, uma luz bonita no final do corredor e silêncio, que logo a gente ia quebrar.
Apertei a campainha leve, querendo logo entrar pra te apertar.
E cê tava lá, entregue, de pé em frente a porta. eu já ria o caminho todo só de imaginar
Cê ameaçou sair pro corredor do jeito que tava e eu apavorada que sou, te puxei pra dentro! 
"cê é doido!"
Não me lembro se te abracei ou se você me beijou entre uma risada e outra, são tantas chegadas na tua casa...
Só me lembro bem da sensação boa que foi poder encostar em você de novo. Nada diferente de todos os outros dias que te encontro.
Te passei as compras que fiz, umas besteiras e gordice porque sim, cê diz que quer evitar mas ama quando tem!
Lembro que cê disse que tava pegando sol na varanda mas que eu não chegava nunca e daí entrou e, de novo eu ri por saber que você me espera. 
Eu tava na tua frente, enquanto cê terminava de contar da senhorinha na janela do andar de baixo, te dei um abraço. Com a cabeça bem no teu peito, cê segurou minha mão e eu nem sei direito, quando vi a gente tava dançando. 
Colados, com algum som que vinha lá da praça.
Entrei pro banho, aproveitei mais uma vez o chuveiro gostoso mas pensando em sair logo pra enfim deitar do teu lado.
E acontece que a gente junto é uma euforia calma, lenta mas bagunçada e tudo fica tão claro, todos os encaixes, gemidos e até os gritos. A gente perde o folego, a gente curte a paisagem, a gente viaja sem sair do lugar, a gente se empolga e se entende. A gente aproveita os segundos, faz o que tem vontade, a gente se olha tão certo, a gente se faz tão bem...
Daí quando a gente viu, o dia passou, a gente sorriu, fez tudo que quis sem por os pés lá fora.
Esquecemos os planos, os combinados, as ideias mirabolantes, as ameaças de whatsapp simplesmente por saber que nada precisa ser antecipado. O que acontece é o sentir, é ele quem manda e resolve os encontros.
Dá a direção, diz pra onde vamos. 
Basta sentir do teu lado que todo o resto acontece fácil, sem ter que pedir.
E quando já era tarde da noite, corremos pra dançar, olhar pessoas, trocar afeto, salivar poraí.
Rebolamos entre as batidas, dançamos um no outro, invadimos um banheiro, fizemos indecências apoiados em paredes vermelhas, perdemos o rumo sem sair da estrada.

Amanhecemos.
 Era domingo a tarde, o sol já tava na cama, calmaria na palma das mãos, um mundo lá fora já sorrindo cedo.
Entre os travesseiros cê tava descabelado, cheio de cachos emaranhados, os braços no rosto sem forças pracordar...
O castanho dos olhos brilhando com o sol e eu juro, eles falaram comigo.
Antes mesmo de você despertar, antes mesmo de me dar bom dia, conversamos em silêncio.
E ameacei levantar depois de alguma conversa que não lembro, talvez os planos pro domingo de paz e você me pediu "fica mais um pouco, deita aqui em mim" e como negar? Cê me desconserta.
Me ajeitei entre o braço e o peito e fiquei. Quieta, no lugar que tem me feito descansar das pancadas, dos dias tortos e dessas semanas arrastadas.
Programamos o dia, enrolamos na cama, enfim busquei o sanduba dormido na geladeira e parti em dois.
Entre nossas risadas, a coca cola que cê esqueceu no congelador, a batata frita murcha do jeito que eu gosto, as mordidas com todo amor no pão. Uns detalhes.
E saímos, enfim! 
O roteiro era almoçar com seus pais, buscar as bikes, rir com eles do seu penteado novo, pedalar até Ipanema, eu usar capacete e quando chegar, tomar água de coco.
"Decepção" foi a palavra do dia! Seus pais sempre bem humorados e a mesa sempre cheia de risadas e comida boa.
Descemos a ladeira, cê me colocou pra treinar com a bike do seu pai numa rua sem saída com medo deu morrer entre os carros, dei duas voltas e confiei.
"Vai na frente e não se assusta se eu gritar"
e te segui nas ruas da cidade, entre asfalto, carro, gente, farol, ciclovia e calçada.
O Sol tava se pondo, já era quatro e meia da tarde, o dia tava lindo e você alaranjado, mais ainda.
Não morri, você sorriu a tarde toda, minhas mãos e ombros doíam mas eu não podia perder essa viagem por nada!
E chegamos, prendemos as magrelas, andamos em direção ao arpoador. Achamos nossa água de coco, cê inventou de dar um mergulho, eu nem arrisquei acompanhar. Tava linda a vista da praia com você no mar. 
Sua volta foi espetacular, molhado e com o olhar fixo em mim enquanto arrumava o cabelo. Parou do meu lado e soltou "Que ideia estúpida" 
tão você!
Andamos até chegar nas pedras, subimos, curtimos o laranja e o azul meio cinza, te abracei por trás.

Entre um trago e outro, cheios de calmaria falamos pouco, observamos todo aquele tanto. 
A onda batendo lá nas pedras e na gente, uma saída de mestre e foi, daí pra frente estávamos crianças.
Tudo era motivo, tudo causava risada. Cê falando diferente e eu andando esquisito.
Me lembro de te agradecer em pensamento, me lembro que te reparei bem mais nesse dia.
Já tava escuro quando bateu a fome, a sede de uma cerveja, a de sempre pra gente fechar bem.
E QUE PIZZA!
e que onda que cê me fez passar...

A volta, pra variar, uma graça.
Três andares de escada rolante, duas bikes, dois chapados e um copão de ovomaltine depois de 4 fatias e meia de pizza pra cada.
Gordinhos, atrapalhados, felizes e sorridentes
Chegamos todos bem, entre arranhões e olhos pesados. 
Um banho, um sexo fogo, o carinho de sempre, teu peito, eu nele e silêncio.
As mãos cansadas, dadas na calçada. 
O metrô, o ultimo beijo.
"vai logo, tem que buscar a cria"
Saiba, foi lindo fazer história com você.



quarta-feira, 8 de julho de 2015

Repara bem no que não digo

Venho tentando te escrever, ou melhor, te dizer 
mas eu sempre fui ruim com as palavras que saem da boca.
Prefiro por num fundo branco.
É que sabe, debaixo daquele teu teto estrelado do quarto, enquanto tua perna pesava em mim na cama e você dormia, longe do meu lado, percebi aqui dentro que me envolvi.
Deixei você me levar pela mão pros lugares mais lindos fazendo do simples o mais bonito.
Deixei o teu castanho dos olhos e pintas, pintarem meu quadro borrado de cinza.
Deixei teus cachos soltos se embolarem nos meus dedos de uma tal forma... e ficarem de um jeito tão leve, sereno, sabe?
Fui me deixando apaixonar, apaixonei e agora não sei.
Cheguei aqui e me perdi, to sem chão. To com você do lado querendo continuar com a tua mão na cintura e o assunto mas é isso, não sei ao certo o que tu quer.
Nos acompanhamos nos dias, seguimos o peito quando bate a saudade, não criamos desculpa, a gente se acha por aí e pronto. Tá feita a semana.
Só pra você saber, sim, eu reparo em tudo. No canto dos olhos, os brincos desalinhados,os olhos distantes que cantam pra mim que tem alguma preocupação, os cachos no vento, o pelo na camisa, os cílios longos enfeitando o rosto, a bermuda verde que eu gosto e me diz "ih, tá reparando muito" e eu rio pensando comigo no tanto que tu mal sabe que já tem aqui dentro, com relação a você.
Garoto doido, me vem com as piores piadas da vida já rindo desvairado e me ganha aí, nessa coisa de pensar que eu vou achar graça e morrer de rir.
E eu, tonta, morro de rir pra você, com você, por estar, querer, ficar... devia ser lei rir você.
Você diz que eu nunca sei, que é preu escolher, decidir mais.
Sou pequena ué, pro que já vivi me pergunto como ainda consigo seguir leve por mais de 3 minutos.
Deve ser do bem que cê me faz, essa coisa de ter nome de arcanjo, sei lá...
Sabe que eu adoro quando você apoia o rosto nos dedos quando tá pensando? E eu gosto quando você conta. 
Do vento, do colégio, da ex, da viagem, da festa, de casa.
Encaixo tudo na cabeça, refaço meio torto teus passos... faço uma pergunta no meio pra deixar bem claro que eu me importo, te toco no braço.
Não ligo pra sua bagunça, acho você bem organizado por dentro. Teus assuntos me prendem, teu tesão em mim, desculpa, é maravilha pros dias.
Mãos pequenas mas cheias, boca faminta, larga de sorriso bonito e beijo longo. 
Pisca de longe pra mim como quem diz "confia em mim"
Pisco de volta e sorrio boba, gritando sem voz que confio, fico, espero. 
Vem logo.
Mas vem logo mesmo! Passa menos tempo longe, dorme até mais tarde comigo sábado e domingo, me deixa vendo filme sozinha porque você não aguentou depois do brigadeiro e capotou com os braços em volta de mim, morde mais minha bochecha, o braço, meus dedos. Dá mais beijos na minha mão, descasa a sua na parte de dentro da minha coxa, solta meu cabelo, prende meu cabelo, faz mais piada, fala mais besteira no meu ouvido que eu arrepio, me puxa pra perto, me chama quarta feira pra tomar cerveja, me pede pra ver como tá teu trabalho, me diz que o pessoal gostou do que tu fez, me manda beijo no whatsapp do nada só porque parei de falar e não apareceu mais nada maluco pra gente comentar, pergunta de novo porque não uso havaianas pra sair, repara que meu chiclete é de canela como sempre, elogia meu casaco, diz que queria muito um banho quente comigo, que prefere meu cabelo natural, que me acha estranha por eu não gostar de alça de sacola amarrada, faz de novo aquela cara delicia na primeira mordida do quarteirão e me olha bem nos olhos quando eu chegar, preu saber que você tava esperando e reparando, tanto quanto eu.


terça-feira, 2 de junho de 2015

Corações que não se afagam

Esse teu amor por obrigação me sufoca
me faz desacreditar na historinha pra boi dormir de que me quiseram e programaram toda a vida
me cansa as pernas e os ouvidos todos esses discursos pra me afetar
Solta teus cachorros no meu quintal bagunçado de folhas e não se importa se eles vão morder
Me procura quando convém
Só enquanto te obedeço
Sei que teu peito aperta mãe, mas o meu dilacera
O meu só sangra
Desde que me entendo por gente te vejo sofrer e meu peso nos dias era não entender
Quis te curar
Quis ser suficiente
Ser um par
Não me recordo do dia ao certo em que me vi sem teus abraços de conforto
Não me lembro nem do ultimo nem do primeiro
Sinto falta de carinho
Você diz sempre do quanto eu erro sem lembrar que todo mundo erra
Mãe, você ainda erra...
Não é possível me cobrar tanto algo que nem você sabe o que é
Não supera os erros
Os buracos
Nem a dor
Arruma casos e motivos bobos pra me sufocar
Nunca se faz feliz por eu estar feliz
Mas obrigada mãe, por me mostrar todo dia que a vida é surpresa
Por me dizer com todas as letras que nada é fácil
Mãe
te agradeço pela desconfiança em mim
Obrigada por desacreditar
Sou um pouco mais mulher agora e sei com cada parte do meu ser que não quero ser assim
Igual a você

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Aos ex amores

Acabo de me descobrir uma destruidora de corações.
Acabei de perceber que é sempre eu a que magoa e leva embora a alma dos apaixonados. É sempre eu que mastigo a esperança dos outros depois cuspo como se não fosse nada.
Não presto mesmo!
Quem em pleno juízo vai aceitar se meter comigo sabendo desse histórico tenebroso? Pois bem...
Já que meu estado é este e não tenho muito o que fazer para mudar (na cabeça dos outros) digo, que acho engraçado o quanto a gente precisa se afirmar poraí pra ser legal. Pra ser aceito. Ou até normal.
As pessoas se esquecem que são apenas pessoas e que dentro disso existe um universo de possibilidades.
Não sou igual a ninguém mas tenho meus direitos de viver como bem entendo dentro do que consigo suportar.
Meu coração já foi muitas vezes partido e como sempre a raiva passa e hoje tenho a sabedoria de continuar amando quem me amou também um dia, mesmo depois de tanto tempo. Não fingi amor. Eu amei. São todos ainda carinho.
Mas eu sou a ingrata, a tormenta dos homens que sonham.
Meus carinhos são esquecidos rapidamente quando somente tento fazer minha vida valer a pena pra mim.
Tudo bem, eu entendo.... As vezes carinho não é lá tanta coisa mesmo mas, vejam bem, tentam me apagar por eu ser assim.
Louca, impulsiva, instável...
Então eu, como uma boa destruidora de coração, digo a vocês, meus ex amores, vou continuar me modificando. Vou me moldando pra quem chega, vou continuar remando contra a maré pois pra mim, apenas seguir o rio é ser pobre demais. É aceitar que te quebrem e não querer levantar.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Raridade você

É raro os dias que te vejo feliz
Só por ser feliz
Só por ser você.
São tantos erros simples de resolver, tanta louça na pia, tanto eu espalhado.
Você enche a boca pra falar de um tempo já estranho, distante.
E eu, me enxugando de banho, ouvindo teu pranto do porque ainda vive comigo.
Pega tua jaqueta, abre a porta, deixa a chave e vai embora.
Com o mundo lá fora na esperança de encontrar teus poucos sonhos
Solta de mim e aceita o fim.
Já não somos mais risada no quintal, almofada que sustenta o peso da briga.
O choro nem sai mais, a garganta já abriu.
E ainda é raro te ver feliz
Só por estar feliz
Só por ser por mim.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Decisão antiga chegada esses dias

Saiba
que quando você voltar, se voltar,
quando entrar, repara que a casa mudou.
Tirei você das paredes, tirei as fotos, os bilhetes. Guardei os cartões, juntei suas roupas pra se você vier buscar.
Só não pense que fiz isso por não te amar mais. Não.
Eu apenas quis fazer com você o que  você fez comigo: fingir que não existiu. Não ver, não ouvir.
Aqui mudou um pouco, tá mais vazio do que antes.
O que não quer dizer que durante a madrugada eu não pensei na gente vendo um filme e chorei por alguns minutos.
Não to diminuindo o meu amor, só to sofrendo menos porque eu já entendi que quanto mais a gente põe pra fora, mais a gente sofre. E enquanto dentro, é mais fácil de esquecer porque se mistura com outros assuntos, outros papéis, vai passando. Feito moeda na gaveta.
Saiba amor, que amar é não ser egoísta, é não se vangloriar.
É compreender que todos erram, inclusive você. Eu.
Se estiver pensando em voltar, só te peço uma coisa: Tranque o seu orgulho em casa.
Se tiver certeza que não vai mais voltar, lembra que um dia eu fui especial na tua vida e na tua história assim como você pra mim.
Não é por que você decidiu por nós o fim, que eu vou agir como se você fosse um estranho.
Por todas as barras que a gente passou, todos os rios que a gente chorou...
Saiba
hoje, amanhã, depois, que o nosso coração mantém. Amém.


quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Feito flor



Vi essa imagem e logo me veio a cabeça aquela conversa.
De não fazer o que queremos, de não ser quem esperamos, de prestar atenção no que somos e quem somos pra nós e pro mundo a nossa volta.
Sinceramente, não me recordo.
Ser mãe me mudou, ser adulta sem escolha e antes do tempo me alterou.
Me mudar me perdeu.
Mais parece que meu lugar não é aqui, que meu espirito não está focado.
E não me para de martelar a pergunta "Quem eu era antes de virar isso que sou hoje?"
Não sei, não me lembro.
ME PERDI DE MIM
Passo pela casa matutando, procurando a ponta da corda pra puxar minha vida de volta pro lugar e nada de achar.
Hora pra acordar, pra fazer, lavar, arrumar. Organizar, preocupar, limpar, pagar. Enviar, editar, importar, publicar.
Eu não sei quem culpar, eu não sei quem perdoar.
Sei que me veio aquela conversa...
e vou te contar, nem sei se consigo organizar pra te compartilhar um cado.
Ah, eu já sei o que você vai dizer... nem café adianta mais, nem sono, nem a caneta e a agenda.
Eu já tentei.
Não sei muito mais de mim, mal sei do que me lembro, Pequeno.
Hora tendo crise de choro e crise de sono, as vezes ansiedade, as vezes de fome.
E aí, me vem aquela conversa tua de melhorar pra mim, por mim, por dentro feito flor.
Vou tentar não deixar só a vida fluir como melhor for, vou buscar melhorar, batalhar pelo meu amor.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Cinza azulado, meu favorito.

Sentada no escuro da sala
enxergando apenas meus dedos iluminados pela tela do computador. 



Da janela aquele tempo que tanto gosto, aquele tempo daqueles tempos.
Vento gelado e céu cinza, sabe?

Sensação de ainda sentir tanto por tanta coisa...
Vidrada em encontrar as palavras certas ou as mais simples.


Hoje é sexta e meus olhos andam por aí, esquinas ensolaradas, avenidas, trilhos e nas núvens gigantes de manhã.


Coração preocupado em cuidar melhor e fazer mais pra valer a pena.



Estou aproveitando o escuro da casa pra fazer iluminar a mente que falha algumas vezes... esperando bater de novo o vento gelado nas pernas penduradas sacudidas ansiosamente trazendo alguma nova palavra e mais lembranças pra me fazer digitar como antes.



 Trying To Be Cool tocando alto, contagiando minha nostalgia com o tempo que tá fazendo.
Cantarolando cada frase de olhos fechados esperando não estar 
misturando musica e texto.


Assim no escuro dos dias, aqui no brilho das minhas musicas favoritas, aí me imaginando

de mãos dadas com tudo isso ou aquilo que me faz sentir.


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Falta de mim ♥

Me corta o coração ver tua falta.
Tua falta que na verdade é minha, uma falta de mim.
Do jeito que eu sorria, falta do meu jeito solto, meio sem compromisso com o mundo todo.
Das surpresas, as borboletas no estomago te fazendo esperar ansioso as ligações.
Nosso primeiro passeio pelas ruas de pedra do centro, até a biblioteca e todo meu amor pelo momento.
Todas aquelas mensagens de texto no celular e todos os beijos longos de reencontro.
Você até acreditou que eu me fazia assim pra encantar...
Corta fundo meu coração, saber do teu desamparo perante a minha falta de afinidade e cumplicidade.
Falta simplicidade!
nos meus dias, nas minhas palavras, nos meus atos, em tudo que faço. No pouco que me faz movimentar as pernas hoje. Eu sei.
Falta em mim, um tanto de chão pra pisar, um tanto de coração pra te doar... falta em mim um tantão assim de mim de antes. Alegria de viver pra te fazer feliz, sorrir, por mim.



domingo, 16 de fevereiro de 2014

Sobre um vazio meio cheio


Só eu sei que ela gosta do gosto que fica de corpo suado
de pele enroscada depois do amor.
Leu em algum lugar que bom mesmo é passar o dia, fazer compra, ir trabalhar, tomar um café, pegar o metrô com o cheiro da pele do outro.
Seduzida por pintas e veias, os detalhes fazem da vida dela gigantesca.
Ouve Cícero com saudades, pensa na chuva e nos dias que se molhou por amor
Procura algo dentro dela que parece não existir mais.
Uma leveza... acho que um encanto de desfazer nós de nós sempre.
Mas
 quando o mundo desaba e a vida anda na corda bamba, ela se crucifica, não dorme, procurando o furo, a gafe.
E o culpado pela dor do parto, pela flor morta no jarro?
 Ouve bem moça do ombro claro, teu vazio é disfarce pra todo cheio do teu coração 
não vai embora agora, não se despede assim...
olha pra trás mais uma vez pra lembrar do meu olhar de carinho a você
recorda o toque das minhas mãos nas suas, todo o suor e também as mancadas tá?
Pois meu amor, mal cabe dentro de mim 
e meu maior orgulho no mundo é ainda poder te ver sorrir.