sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Domingo é pra te dar paz

E mais uma vez você me esperou chegar, empolgado dizendo preu ir logo
Cheguei no espelho do elevador e o peito aliviou, instantâneo. 
Subi e vi teu tapete amarelo na porta, uma luz bonita no final do corredor e silêncio, que logo a gente ia quebrar.
Apertei a campainha leve, querendo logo entrar pra te apertar.
E cê tava lá, entregue, de pé em frente a porta. eu já ria o caminho todo só de imaginar
Cê ameaçou sair pro corredor do jeito que tava e eu apavorada que sou, te puxei pra dentro! 
"cê é doido!"
Não me lembro se te abracei ou se você me beijou entre uma risada e outra, são tantas chegadas na tua casa...
Só me lembro bem da sensação boa que foi poder encostar em você de novo. Nada diferente de todos os outros dias que te encontro.
Te passei as compras que fiz, umas besteiras e gordice porque sim, cê diz que quer evitar mas ama quando tem!
Lembro que cê disse que tava pegando sol na varanda mas que eu não chegava nunca e daí entrou e, de novo eu ri por saber que você me espera. 
Eu tava na tua frente, enquanto cê terminava de contar da senhorinha na janela do andar de baixo, te dei um abraço. Com a cabeça bem no teu peito, cê segurou minha mão e eu nem sei direito, quando vi a gente tava dançando. 
Colados, com algum som que vinha lá da praça.
Entrei pro banho, aproveitei mais uma vez o chuveiro gostoso mas pensando em sair logo pra enfim deitar do teu lado.
E acontece que a gente junto é uma euforia calma, lenta mas bagunçada e tudo fica tão claro, todos os encaixes, gemidos e até os gritos. A gente perde o folego, a gente curte a paisagem, a gente viaja sem sair do lugar, a gente se empolga e se entende. A gente aproveita os segundos, faz o que tem vontade, a gente se olha tão certo, a gente se faz tão bem...
Daí quando a gente viu, o dia passou, a gente sorriu, fez tudo que quis sem por os pés lá fora.
Esquecemos os planos, os combinados, as ideias mirabolantes, as ameaças de whatsapp simplesmente por saber que nada precisa ser antecipado. O que acontece é o sentir, é ele quem manda e resolve os encontros.
Dá a direção, diz pra onde vamos. 
Basta sentir do teu lado que todo o resto acontece fácil, sem ter que pedir.
E quando já era tarde da noite, corremos pra dançar, olhar pessoas, trocar afeto, salivar poraí.
Rebolamos entre as batidas, dançamos um no outro, invadimos um banheiro, fizemos indecências apoiados em paredes vermelhas, perdemos o rumo sem sair da estrada.

Amanhecemos.
 Era domingo a tarde, o sol já tava na cama, calmaria na palma das mãos, um mundo lá fora já sorrindo cedo.
Entre os travesseiros cê tava descabelado, cheio de cachos emaranhados, os braços no rosto sem forças pracordar...
O castanho dos olhos brilhando com o sol e eu juro, eles falaram comigo.
Antes mesmo de você despertar, antes mesmo de me dar bom dia, conversamos em silêncio.
E ameacei levantar depois de alguma conversa que não lembro, talvez os planos pro domingo de paz e você me pediu "fica mais um pouco, deita aqui em mim" e como negar? Cê me desconserta.
Me ajeitei entre o braço e o peito e fiquei. Quieta, no lugar que tem me feito descansar das pancadas, dos dias tortos e dessas semanas arrastadas.
Programamos o dia, enrolamos na cama, enfim busquei o sanduba dormido na geladeira e parti em dois.
Entre nossas risadas, a coca cola que cê esqueceu no congelador, a batata frita murcha do jeito que eu gosto, as mordidas com todo amor no pão. Uns detalhes.
E saímos, enfim! 
O roteiro era almoçar com seus pais, buscar as bikes, rir com eles do seu penteado novo, pedalar até Ipanema, eu usar capacete e quando chegar, tomar água de coco.
"Decepção" foi a palavra do dia! Seus pais sempre bem humorados e a mesa sempre cheia de risadas e comida boa.
Descemos a ladeira, cê me colocou pra treinar com a bike do seu pai numa rua sem saída com medo deu morrer entre os carros, dei duas voltas e confiei.
"Vai na frente e não se assusta se eu gritar"
e te segui nas ruas da cidade, entre asfalto, carro, gente, farol, ciclovia e calçada.
O Sol tava se pondo, já era quatro e meia da tarde, o dia tava lindo e você alaranjado, mais ainda.
Não morri, você sorriu a tarde toda, minhas mãos e ombros doíam mas eu não podia perder essa viagem por nada!
E chegamos, prendemos as magrelas, andamos em direção ao arpoador. Achamos nossa água de coco, cê inventou de dar um mergulho, eu nem arrisquei acompanhar. Tava linda a vista da praia com você no mar. 
Sua volta foi espetacular, molhado e com o olhar fixo em mim enquanto arrumava o cabelo. Parou do meu lado e soltou "Que ideia estúpida" 
tão você!
Andamos até chegar nas pedras, subimos, curtimos o laranja e o azul meio cinza, te abracei por trás.

Entre um trago e outro, cheios de calmaria falamos pouco, observamos todo aquele tanto. 
A onda batendo lá nas pedras e na gente, uma saída de mestre e foi, daí pra frente estávamos crianças.
Tudo era motivo, tudo causava risada. Cê falando diferente e eu andando esquisito.
Me lembro de te agradecer em pensamento, me lembro que te reparei bem mais nesse dia.
Já tava escuro quando bateu a fome, a sede de uma cerveja, a de sempre pra gente fechar bem.
E QUE PIZZA!
e que onda que cê me fez passar...

A volta, pra variar, uma graça.
Três andares de escada rolante, duas bikes, dois chapados e um copão de ovomaltine depois de 4 fatias e meia de pizza pra cada.
Gordinhos, atrapalhados, felizes e sorridentes
Chegamos todos bem, entre arranhões e olhos pesados. 
Um banho, um sexo fogo, o carinho de sempre, teu peito, eu nele e silêncio.
As mãos cansadas, dadas na calçada. 
O metrô, o ultimo beijo.
"vai logo, tem que buscar a cria"
Saiba, foi lindo fazer história com você.



quarta-feira, 8 de julho de 2015

Repara bem no que não digo

Venho tentando te escrever, ou melhor, te dizer 
mas eu sempre fui ruim com as palavras que saem da boca.
Prefiro por num fundo branco.
É que sabe, debaixo daquele teu teto estrelado do quarto, enquanto tua perna pesava em mim na cama e você dormia, longe do meu lado, percebi aqui dentro que me envolvi.
Deixei você me levar pela mão pros lugares mais lindos fazendo do simples o mais bonito.
Deixei o teu castanho dos olhos e pintas, pintarem meu quadro borrado de cinza.
Deixei teus cachos soltos se embolarem nos meus dedos de uma tal forma... e ficarem de um jeito tão leve, sereno, sabe?
Fui me deixando apaixonar, apaixonei e agora não sei.
Cheguei aqui e me perdi, to sem chão. To com você do lado querendo continuar com a tua mão na cintura e o assunto mas é isso, não sei ao certo o que tu quer.
Nos acompanhamos nos dias, seguimos o peito quando bate a saudade, não criamos desculpa, a gente se acha por aí e pronto. Tá feita a semana.
Só pra você saber, sim, eu reparo em tudo. No canto dos olhos, os brincos desalinhados,os olhos distantes que cantam pra mim que tem alguma preocupação, os cachos no vento, o pelo na camisa, os cílios longos enfeitando o rosto, a bermuda verde que eu gosto e me diz "ih, tá reparando muito" e eu rio pensando comigo no tanto que tu mal sabe que já tem aqui dentro, com relação a você.
Garoto doido, me vem com as piores piadas da vida já rindo desvairado e me ganha aí, nessa coisa de pensar que eu vou achar graça e morrer de rir.
E eu, tonta, morro de rir pra você, com você, por estar, querer, ficar... devia ser lei rir você.
Você diz que eu nunca sei, que é preu escolher, decidir mais.
Sou pequena ué, pro que já vivi me pergunto como ainda consigo seguir leve por mais de 3 minutos.
Deve ser do bem que cê me faz, essa coisa de ter nome de arcanjo, sei lá...
Sabe que eu adoro quando você apoia o rosto nos dedos quando tá pensando? E eu gosto quando você conta. 
Do vento, do colégio, da ex, da viagem, da festa, de casa.
Encaixo tudo na cabeça, refaço meio torto teus passos... faço uma pergunta no meio pra deixar bem claro que eu me importo, te toco no braço.
Não ligo pra sua bagunça, acho você bem organizado por dentro. Teus assuntos me prendem, teu tesão em mim, desculpa, é maravilha pros dias.
Mãos pequenas mas cheias, boca faminta, larga de sorriso bonito e beijo longo. 
Pisca de longe pra mim como quem diz "confia em mim"
Pisco de volta e sorrio boba, gritando sem voz que confio, fico, espero. 
Vem logo.
Mas vem logo mesmo! Passa menos tempo longe, dorme até mais tarde comigo sábado e domingo, me deixa vendo filme sozinha porque você não aguentou depois do brigadeiro e capotou com os braços em volta de mim, morde mais minha bochecha, o braço, meus dedos. Dá mais beijos na minha mão, descasa a sua na parte de dentro da minha coxa, solta meu cabelo, prende meu cabelo, faz mais piada, fala mais besteira no meu ouvido que eu arrepio, me puxa pra perto, me chama quarta feira pra tomar cerveja, me pede pra ver como tá teu trabalho, me diz que o pessoal gostou do que tu fez, me manda beijo no whatsapp do nada só porque parei de falar e não apareceu mais nada maluco pra gente comentar, pergunta de novo porque não uso havaianas pra sair, repara que meu chiclete é de canela como sempre, elogia meu casaco, diz que queria muito um banho quente comigo, que prefere meu cabelo natural, que me acha estranha por eu não gostar de alça de sacola amarrada, faz de novo aquela cara delicia na primeira mordida do quarteirão e me olha bem nos olhos quando eu chegar, preu saber que você tava esperando e reparando, tanto quanto eu.


terça-feira, 2 de junho de 2015

Corações que não se afagam

Esse teu amor por obrigação me sufoca
me faz desacreditar na historinha pra boi dormir de que me quiseram e programaram toda a vida
me cansa as pernas e os ouvidos todos esses discursos pra me afetar
Solta teus cachorros no meu quintal bagunçado de folhas e não se importa se eles vão morder
Me procura quando convém
Só enquanto te obedeço
Sei que teu peito aperta mãe, mas o meu dilacera
O meu só sangra
Desde que me entendo por gente te vejo sofrer e meu peso nos dias era não entender
Quis te curar
Quis ser suficiente
Ser um par
Não me recordo do dia ao certo em que me vi sem teus abraços de conforto
Não me lembro nem do ultimo nem do primeiro
Sinto falta de carinho
Você diz sempre do quanto eu erro sem lembrar que todo mundo erra
Mãe, você ainda erra...
Não é possível me cobrar tanto algo que nem você sabe o que é
Não supera os erros
Os buracos
Nem a dor
Arruma casos e motivos bobos pra me sufocar
Nunca se faz feliz por eu estar feliz
Mas obrigada mãe, por me mostrar todo dia que a vida é surpresa
Por me dizer com todas as letras que nada é fácil
Mãe
te agradeço pela desconfiança em mim
Obrigada por desacreditar
Sou um pouco mais mulher agora e sei com cada parte do meu ser que não quero ser assim
Igual a você

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Aos ex amores

Acabo de me descobrir uma destruidora de corações.
Acabei de perceber que é sempre eu a que magoa e leva embora a alma dos apaixonados. É sempre eu que mastigo a esperança dos outros depois cuspo como se não fosse nada.
Não presto mesmo!
Quem em pleno juízo vai aceitar se meter comigo sabendo desse histórico tenebroso? Pois bem...
Já que meu estado é este e não tenho muito o que fazer para mudar (na cabeça dos outros) digo, que acho engraçado o quanto a gente precisa se afirmar poraí pra ser legal. Pra ser aceito. Ou até normal.
As pessoas se esquecem que são apenas pessoas e que dentro disso existe um universo de possibilidades.
Não sou igual a ninguém mas tenho meus direitos de viver como bem entendo dentro do que consigo suportar.
Meu coração já foi muitas vezes partido e como sempre a raiva passa e hoje tenho a sabedoria de continuar amando quem me amou também um dia, mesmo depois de tanto tempo. Não fingi amor. Eu amei. São todos ainda carinho.
Mas eu sou a ingrata, a tormenta dos homens que sonham.
Meus carinhos são esquecidos rapidamente quando somente tento fazer minha vida valer a pena pra mim.
Tudo bem, eu entendo.... As vezes carinho não é lá tanta coisa mesmo mas, vejam bem, tentam me apagar por eu ser assim.
Louca, impulsiva, instável...
Então eu, como uma boa destruidora de coração, digo a vocês, meus ex amores, vou continuar me modificando. Vou me moldando pra quem chega, vou continuar remando contra a maré pois pra mim, apenas seguir o rio é ser pobre demais. É aceitar que te quebrem e não querer levantar.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Raridade você

É raro os dias que te vejo feliz
Só por ser feliz
Só por ser você.
São tantos erros simples de resolver, tanta louça na pia, tanto eu espalhado.
Você enche a boca pra falar de um tempo já estranho, distante.
E eu, me enxugando de banho, ouvindo teu pranto do porque ainda vive comigo.
Pega tua jaqueta, abre a porta, deixa a chave e vai embora.
Com o mundo lá fora na esperança de encontrar teus poucos sonhos
Solta de mim e aceita o fim.
Já não somos mais risada no quintal, almofada que sustenta o peso da briga.
O choro nem sai mais, a garganta já abriu.
E ainda é raro te ver feliz
Só por estar feliz
Só por ser por mim.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Decisão antiga chegada esses dias

Saiba
que quando você voltar, se voltar,
quando entrar, repara que a casa mudou.
Tirei você das paredes, tirei as fotos, os bilhetes. Guardei os cartões, juntei suas roupas pra se você vier buscar.
Só não pense que fiz isso por não te amar mais. Não.
Eu apenas quis fazer com você o que  você fez comigo: fingir que não existiu. Não ver, não ouvir.
Aqui mudou um pouco, tá mais vazio do que antes.
O que não quer dizer que durante a madrugada eu não pensei na gente vendo um filme e chorei por alguns minutos.
Não to diminuindo o meu amor, só to sofrendo menos porque eu já entendi que quanto mais a gente põe pra fora, mais a gente sofre. E enquanto dentro, é mais fácil de esquecer porque se mistura com outros assuntos, outros papéis, vai passando. Feito moeda na gaveta.
Saiba amor, que amar é não ser egoísta, é não se vangloriar.
É compreender que todos erram, inclusive você. Eu.
Se estiver pensando em voltar, só te peço uma coisa: Tranque o seu orgulho em casa.
Se tiver certeza que não vai mais voltar, lembra que um dia eu fui especial na tua vida e na tua história assim como você pra mim.
Não é por que você decidiu por nós o fim, que eu vou agir como se você fosse um estranho.
Por todas as barras que a gente passou, todos os rios que a gente chorou...
Saiba
hoje, amanhã, depois, que o nosso coração mantém. Amém.