segunda-feira, 18 de março de 2019

Sizígia

corri pra dessa vez me transbordar, e não desafogar
transbordar porque a lua mexeu comigo completamente
o ciclo das coisas me seguindo, mostrando das formas mais impensáveis o caminho que eu nao quero mais seguir, nem posso
implorando pra eu deixar fluir
e eu to vendo, com meus olhos pretos, calando a minha boca suja, sentindo com todos os sentidos
de intuição a intuição
uma por uma

não tenho nem chorado, to me resolvendo comigo
mas ontem chorei sim, hoje também, eu mereci
não to sentindo pena, to refazendo o caminho todinho do início
desde quando eu não me lembro
dois mil e quatro


hoje tive ausência de medo, estranhando o peito cheio pra chegar em novos lugares
venho encarando meus pensamentos, compartilhando minhas vivências
revivendo experiências que já parecem de outras vidas
to admirando meu senso, to apegada a ideia
evoluí

mas meu ponto fraco é dentro do meu barco, porque aqui é onde mora meu conforto
todos os meus vícios, as gulas, gritarias, muitas loucuras
o barco já tá remando diferente, da pra ver, tem alguém no controle e dessa vez não é um louco
pensando na rota, destrinchando mapas mofados 
entrando em porões abandonados totalmente
achando baús que só eu tenho a chave

esquecidamente me lembrei que transbordei 
parece até que viver rodeada de onda batendo, todos os plenilúnios e novilúnios 
vendavais torrenciais, nuvens que engolem céu
tudo isso, na direção da ilha no meu peito fez ruir pedras
revirar fundos, transbordar conhecimento
sizígia de eus













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