terça-feira, 19 de abril de 2011

Ela era feita de pétalas.
Engolia saliva doce e cospia sentimentos livres.
Mantia o sorriso firme e tinha genio forte às terças.
Ninava o silêncio, apagava o claro...
Ela era de nuvem.
Brilhava de noite e brincava de dia.
Os braços eram folía enquanto se uniam pelas costas e costelas do amado.
canções fazia e recebia...
Notas eram criadas na barra da saia.
Achava as curvas do violão, parecidas com as dela.
cismava que as cordas podiam ser anéis.
Flores do jardim ela colhia pra enfeitar toda a sala.
o perfume, com o dela se misturava.
Gostava de vento. O guardava num pode de vidro com tampa de rosca todas as manhãs de domingo.
Ás segundas, os soltava pela janela.
jurava fazer ficar mais belo o dia...
Assim como jurava sempre ser a mesma menina.
Sempre ser a Alice de sempre, enquanto dormia.

O barulho que meu silêncio faz

Houve um tempo em que me calei.
parei e encarei meus olhos fixos e senti a força do vento na escuridão onde me encontrava.
calada ouvia os sons do meu corpo e alma.
as vozes desconhecidas clamando por algo que eu não tinha mais...
pedindo por água no deserto e barulho no céu.

Fora difícil de encontrar em mim respostas pra me manter de pé e continuar.
mas ainda sustento no peito, alma, fogo e ar pra me recuperar.
nem tudo foi embora dentro das tuas caixas lacradas.
Nem tudo o que tenho de bom, sumiu nas sombras dessa escuridão.
ainda guardo palha pra esse fogo acender... ainda tenho tuas fotos pra queimar.
e houve um tempo em que eu...
fugi.

(também de mim)
Era preciso ouvir o silencio que eu fazia, no intervalo de todo o desespero.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

O que eu não sou

"Aí você fala que vai cortar o cabelo e eu quero implorar pra você não cortar. Porque esses seus cachos acabam comigo. O cheiro do seu cabelo. A maneira descabelada que você usa pra parecer arrumado. E eu amo a sua cara de argentino e que você odeia os argentinos. E eu amo como a sua calça nova cai bem em você e como você fica elegante de chinelo. E eu quero te pedir pra deixar tudo como está... E você nem sonha que eu sou meio bipolar...Você nem sonha com essas coisas porque só conversamos coisas leves e engraçadas.(...) E quero berrar o quanto gosto de você. E te pedir em namoro. E rasgar sua roupa. E te comer. E dormir enroscada no seu cabelo. E te mandar flores amanhã. E mais uma vez agir como um homem. Mas eu cansei de ser homem. Chega de usar o homem que eu não sou pra ferrar comigo. Eu sou menina."

- Tati Bernardi -

Tati, pode entrar.

Voei... eu e minha loucura e minha vontade de vomitar tanto até secar por dentro. Eu e o meu medo de me magoar de novo com todo mundo e precisar de novo odiar tanto e me proteger tanto que fico demasiadamente má e me sinto má e começo a fazer maldades comigo. Eu prefiro esse peito todo errado do que outro peito. Eu gritava. Eu prefiro mil vezes me assumir do que assumir o mundo mil vezes errado. Eu gritei. E então, tudo continuava ali, prestes a dar muito errado, a falir, a cair no chão e fazer meu próprio buraco. Tudo estava ali. Todo o meu potencial gigantesco pra fazer da minha vida um inferno imenso. E eu assumi meu peso, eu assumi meu medos, eu assumi toda a merda. E assim, voei ainda mais alto, como se flutuasse. Eu peguei pra mim tudo o que soltava por aí e, surpreendentemente, fiquei mais leve. Se dava pra ir de pesadelo pra sonho deitada, imagina o que eu não poderia fazer da minha vida a hora que ficasse em pé."

- Tati Bernardi -

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Nota sem Nome

Teu som é meu e suas notas estão aqui, bailando pelo meu quarto acordado de madrugada.
Posso ouvir os passos delas...

E numa nova canção, passeiam pela minha cintura e costas
Caminham pelos meus ombros feito corda bamba.

Se seguram na ponta dos cabelos e voltam a bailar no chão.
E me rendo, encantada com o dançar de dedos teu.

Me convida pra dança, me põe na canção, escreve com tinta no meu coração
tudo o que sussurras pra mim enquanto bailamos.

Repete os segredos e as declarações, canta e encanta com voz!
Bossa uma nova Bossa Nova reinventada com a velha, cria e me mostra teus calos de arte.

Sopra essa poeira do chão do quarto, que as notas ainda dançam
Me convidam pra festa, chamam teu nome.... 

Pra enfim, uma nova nota sem nome.

quarta-feira, 13 de abril de 2011



Faço de mim uma tentativa de atriz de filme americano.
Faço de você uma marionete cheia de vida, descontrolando o próprio mundo.
Faço da nossa história, coisa que não se vê, nem se tem por aí.
é minha e sua e ponto. A gente sente e se encanta.


e quem duvidar,




favor...


(se retirar)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

R e v e r b e r a r

     - Os Barcos-

Você não sabe
O que tornou-me
Dos meus anseios
Pelas calçadas.
Das brigas minhas
Por quase nada,
Dos gritos secos

À pele flor
Que andei doendo
Neste meu peito
Encalacrado
Pelo sujeito
Que ora vou


Veja bem, um dia só
Destroçou toda meta
O que passou, passou
E o que ficou não é festa
São reversos de uma canção


Você não sabe
Mas vou dizendo
De antemão
Que estou morrendo
Um pouco mais
E outra vez
De ter que olhar
Você tão longe
E te sentir
Em outro abraço
Reverberar o seu amor


Veja bem, eu amei
O que foi mais incerto
Sem temer o que vinha depois
Nunca um peito se deu tão aberto
To pensando aqui sobre esses meus textos pro nada... que ninguém lê, ninguém vê.
essas minhas andanças pra cá e pra lá.... que ninguém repara, ninguém me pára.
as horas no pulso e a minha cara amarrada de pirraça pra essas minhas poesias rápidas inventadas da janela do ônibus, as fotos no telhado desse sábado e o céu fingindo ser meu, esse coração aqui em cactus que carrego calada e teu sorriso espalhado no chão do quarto que eu não vejo mais.
As altas horas de papos e supapos, uma pergunta bem feita e uma resposta engasgada, esse calor do nada, a pós que tanto me dá nos nervos, essa calça larga que eu odeio usar e o cabelo sem pintar.
Daí eu to pensando aqui nesses planos pro segundo semestre, pro ano que vem... ai eu lembro da frase que inventei pra atingir minha mãe "O primeiro passo pro fracasso é não ter apoio dos que nos amam" e na boa, que idiota. entrou num ouvido e saiu no outro.

esse monte de besteira que prende meu tempo...

domingo, 3 de abril de 2011

Ainda, eu....

Tenho sonhado bastante...
sonhado com conhecidos, desconhecidos, chuva, sol, minha casa, com a rua.
Tenho sonhado umas coisas com algum tipo de cabimento e outras sem nenhum, mas que de alguma forma, mesmo acordando assustada, tento dar um jeito de voltar ao sonho e ver o "fim" da historia.
Ver se aparece quem eu tanto peço que apareça, pra me beliscar e me mostrar o quanto aquilo está fora do lugar e eu não percebo, exatamente como me falava nos seus comentários absurdos e toda sua forma estranha de se questionar sobre sanidade no próprio sonho e acordar achando ridículo o que sonhou.
e dai, eu simplesmente caio no fato de ainda machucar os olhos não ver as fotos presas no quadro preto
e também não ver os tantos presentes e as tantas formas de lembrança contidas num unico ambiente.
Me parte o coração ver sua falta de fé e seu caminho abandonado e os passos marcados pro lado contrário.
Quebramos tanto a cara, ficamos tão machucados e curamos um ao outro, nos apoiamos nos ombros e nas mãos,sabe, pra a essa altura sentir o peso das palavras mal ditas e as malditas também, ferrando com todo o resto, destruindo o tal castelo de areia.
Durmo e acordo me questionando....
os sonhos nada me dizem, não converso com Deus, não procuro ajuda.
Amanhã provavelmente vou lembrar de mais coisas que não deveria me lembrar, tipo andar na rua e ver uma criança rindo e lembrar da cara que você sempre fazia, como se a criança fosse sua e depois olhava pra mim com aquele olhar de "não é linda essa pureza toda" e eu balançar a cabeça fazendo que sim e ir direto pros teus braços, abraçar aquela alma linda que eu tinha ao lado.
Ou só olhar pra minha mão, ver os anéis e lembrar dos teus dedos brincando com eles, girando enquanto a gente conversava sobre qualquer coisa.
Do quanto a gente ria dos ônibus que balançavam feito loucos e pareciam mais cadeira de massagem e a forma como colocavam nossos ossos no lugar...
Sabe, essa coisas mesquinhas pra outras pessoas mas que pra mim e pra você fazem falta a cada hora que passa e que era diferença.
Sinto falta de ver algo que você iria gostar muito e comprar pra te dar e te ver mais feliz depois daquele dia péssimo, de deitar no chão do quarto e pular na sua barriga e rir histéricamente da sua cara, de fazer comida ruim sem querer e ouvir você dizer que é a melhor que já provou, e gostar, mesmo sendo a mentira mais lavada do mundo, de ver você arrumando o travesseiro da sua cama preu deitar e em seguida mexer no meu cabelo pra me fazer dormir, gastando o pouco tempo que tinhamos na semana, seus lanches enfeitados só no meu prato, sua caneca favorita ser a minha favorita, o quanto você brigava comigo quando eu mostrava as fotos que tirei de você enquanto dormia na minha cama, a sua cara feia sempre que eu ficava com ciumes e falava besteira pra te irritar, sinto até falta da sua cara lavada me dizendo que eu sou uma boba por sentir ciumes de certas coisas (absurdas pra mim), da sua mãe comentando sobre você vir pra minha casa, dos meus pais me pedindo pelo amor de Deus pra não deixar você dormir no meu quarto haha, sinto falta da sua falta de noção me enchendo do teu perfume, misturando com o meu só pra me deixar fedorenta antes de sairmos, da sua voz de criança pedindo um jogo de xbox ou só seus olhos implorando um  Big Tasty com tudo grande... é de todos esses vícios dos anos que eu sinto falta, essas coisas que nunca vou ter com outra pessoa, só com você, não querer ter nada disso com outra pessoa, só com você.
E é por essas e outras milhares que durmo e acordo me questionando....
E sonho e peço, que você esteja ao menos neles, que ainda tenha sobrevivido por vontade própria em algumas partes de mim, que eu ainda esteja viva aí em algum lugar de você e que você sinta falta de tudo isso, como eu, porque amar sozinho é o pior sentimento que se pode viver. É não viver.
Quero a certeza de que eu vivo. Ainda.

Sabe, é isso…. a falta que você me faz.