terça-feira, 2 de março de 2010

Fora simples assim

Vieram a minha porta gritando 'Olá'
E eu,como criança sem os pais em casa,me calei
E observei pela fechadura o que me aguardava do outro lado da porta se eu abrisse.
Vi que era criança, anjo e gentil.
Respondi e meu 'Olá' saiu baixo, mas fora percebido.
O anjo se chegou mais à porta
Devagar, colou os olhos na fechadura e vi que eram escuros, feito fruta.
Fui até a janela, abri um bocado e então entrou uma luz que pareceu invadir a casa pela fenda miúda.
Me inundei dela.
E comigo, lá se foram a casa,os móveis e os brinquedos.
Toda a minha alma fora entregue lindamente a essa criança, anjo meio gentil.
Ele então perguntou
-Pequena, já pensou ter vida?
Me questionei sobre a questão e respondi
-Até então, tenho vida sim Senhor.
-Me permite te apresentar e te guiar por uma vida totalmente distinta da qual você pensa ter?
-Menino moço, sou limitada a vida de limites que me fora imposta. Não posso correr e apagar meus passos.
-Quem te mentiu, minha pequena? Aceite meu convite meio louco e lhe mostrarei a vida da forma correta na qual devia ser, pra você.
-Minha vida é essa, moço.
-Se desprenda. Esse mundo ficará guardado. Você só aparecerá por aqui nos dias de visita. O que tenho pra ti, minha cara, não se compara.
E eu, pequena, criança limitada. Me permiti viver a tal vida de não comparação.
E vieram segundos, horas, dias, meses...
A outra vida eu só via na visita.
Um mundo novo. Nosso teatro de verdades fora inaugurado com fita vermelha e tesoura dourada.
E quem diria aquela criança anjo, bem gentil do tal 'Olá' me moldou fácil feito argila.
Me fez o que sou. Me fez melhor de mim.
Ainda pequena, criança... só que não mais limitada.
Ele abonou limites, discordou das metas, destruiu muros e todas as nossas barreiras.
Crescemos juntos e para nós mesmos.
Uma vida de passarinho com assas portáteis me fez esperta, gentil e anjo.
Espelho, aos olhos daquele menino.
Eu voei. Acompanhada de um anjo cheio de luz, com penas leves e do olhar protetor.
Peço aos olhos de fora que entendam, que aceitem.
Meu menino criança, anjo. Gentil que é me mostrou que a vida que pensava ter, com um 'Olá' pode se reinventada.
A fenda da janela me fez enxergar aos poucos, mas se eu já soubesse do que se tratava todas as portas, abertas estariam, com um tapete vermelho pela sala estendido, flores pelo caminho, um padre e uma bíblia.

 
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