quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Descanso do cansaço

Lembro dela gordinha,saudavel,andante e meio sorridente
Não aguentava com os netos
Pirralhos perturbados esses.
Cabelo curto desde muito tempo
Bochechas rosadas.
Não tinha muito cuidado com ela mesma
as filhas que cuidavam.
Por um lado,os filhos tinham algum tipo de rejeição
meio incompreensível da parte deles,mas é verdade.
Me colocou apelido.
A familia toda e os amigos também me conhecem assim : Tuca.
Porque? Ninguem sabe.
De onde veio? Nem imaginamos.
O tempo passou. Um bom tempo passou.
Ultimamente se via magra,sem cor,não sorria, não andava sozinha.
Tinha cabeça conturbada.
Os proximos,loucos ficavam quando o remédio jeito não dava.
Minha vó,de cara rosada,agora descansa.
Dorme agora tranquila e não atormentada.
A causa? Dor pela perda desconhecida do neto,o tempo, a cabeça, o coração, o corpo e a respiração.
Não deu
A hora chegou,a gente não sabe fugir.
Ela nem tinha forças pra fugir e acho que também nunca tentou.
Sabe aquele paparico de vó,que todo neto conhece?
Seja um biscoito,um bolo,um real que fosse...
Isso,neto nenhum teve por completo.
Mesmo que a cabeça mandasse,os braços não obedeciam.
Não é só questão física
A questão espirita não está de fora.
E enfim...minha vó,da buchecha rosada foi pra longe descansar.
Descansar da vida que a cansou.
Descansar de quem queria descansar por ela.
DESCANSAR!
Descansa vózinha. Respira.
Vive aí tudo o que não te deixaram viver aqui.
Carinho por ti, Maria Joaquina.


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