quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Na ponta dos dedos, no canto dos olhos, dentro do coração

sentiu que a dor e o perdão exalavam ao mesmo tempo da pele
sabia que dentro de si, as letras, os arquivos e os sentimentos eram antigos e que, pra se viver o que se quer, é preciso apagar o passado mesmo ele sendo preenchido de erros.
é preciso acertar mais que os demais
se destacar, se diferenciar.


olhava no espelho do banheiro as 2:43 da madrugada questionando 'porquês'.
os olhos fundos, o rosto molhado de choro, as pernas fracas e tremulas...
o coração não batia, havia se escondido num lugar onde nem ela conhecia
não o sentia bombear....


sentiu que a dor e o perdão gritavam ecoando nas paredes do quarto
sabia sim, que por dentro existia algo maior que todas essas formas tortas de gente feia e mentiras.
e que, essa gente feia erra também.... não vem ao caso.
e que mentiras todo mundo conta, todo mundo tem e esconde. 
a diferença de umas pra outras é o nível e a duração.


não durou.


foi então que ela se agarrou no que tem agora.
cuspindo pro alto e correndo, acabou concordando de que é melhor assim.
cartas na mesa, sem silencio na mesa, olho no olho, não dente por dente.
foi então que sua cabeça se realinhou e não parou de repetir que "era ela, era ela, era ela, era ela" e ponto final.
ponto final, até ela conseguir chegar ao fim das reticências...
e fim.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Às 20:56, lá fora...

Do jardim vejo ao longe, crianças pintadas de gente.
Fetos em pleno desafeto, tentando forçar pro mundo que adultos são.
Mentezinhas poluídas de rádio e televisão, criadas a indigestos cafés da manhã com bala de hortelã.
Gritam, esperneiam e chateiam
Não passam de um monte de futuro perdido, estragados de fora pra dentro, num ritmo acelerado.
Não sentem a vida, não são saudáveis e não entendem de amor.
Crianças com muito cuidado errado, ou com nenhum cuidado.
Diante de tanta mente sã, se perdem na exaustão dos dias corridos de quase nada pra fazer...
São miúdos e gigantes. Porém, os sãos parecem com tais ao ainda esperançar fé no `à frente´ dos pequeninos perdidos futuros do Brasil.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Dimensão das lentes

A vida corre em volta da praça e o sol vê todos os dias e passa.


O senhor com o mesmo pão na mão, mas os olhos, já não são mais os mesmos
que aqueles que viam a luz da lua outrora.


E os passaros migram de um canto do mundo, a outro.
levando o que se viu, trazendo o que se guardou.


A visão parece embaraçada o mundo gira e a multidão amontoada em cima do velho
que com seu pão viu a luz do luar pela ultima vez.


- Os passaros ficam com o pão?
- Ficam com o que sobra no chão.


Os óculos ainda servem para aqueles que viram o velho caido debulhado, abraçado ao pão. 


Que mais tarde no inverno sobrevoaram o mar e viram o por do sol em outra dimensão.